Nunca passou pela sua cabeça: “como transformar minha banda em negócio?”
Parece estranho se referir à sua forma de expressão artística como “negócio”? Parece até um sacrilégio?
Saiba que essa visão terá que mudar se o que você gosta de fazer mesmo da vida é música. Porque música, por mais que seja uma forma de arte, opera, se sustenta, por meio de lógica capitalista, de mercado. Música é um produto e precisa ser vendida para se pagar.
Não tratar a sua banda como um negócio, como uma empresa que precisa atrair clientes/fãs, fidelizá-los e lucrar com isso revela duas coisas sobre você:
- Ingenuidade de acreditar que apenas o talento será suficiente para que o público o note, que de uma hora para outra irá “explodir” e conquistar o país, o planeta, a galáxia. Isso às vezes acontece, mas é raro. E tem sido cada vez mais difícil com a fragmentação dos meios de comunicação. Antes, ter uma música tocada em uma rádio grande seria o suficiente para fazer a banda decolar. Mas quem ouve rádio hoje em dia? Certamente não é a maioria;
- Insegurança de encarar a música como algo sério por ter medo de descobrir que não é bom o suficiente para o sucesso. Por isso, você trata a banda como “um hobby”.
Outra possibilidade, mesmo que você não seja ingênuo ou seguro, de nunca ter lhe ocorrido pensar “como transformar minha banda em negócio”, pode ter a ver com uma visão equivocada do mercado fonográfico.
Competitivo demais?
“Adoro música, mas é um mercado muito restrito, poucas bandas conseguem alcançar o estrelato. É necessário uma dedicação e investimento, sem garantia de nada, que não posso me submeter. Seria uma irresponsabilidade porque tenho dependentes, meus boletos, enfim, é muito complicado.”
Sem dúvida, o mercado musical é muito competitivo, as oportunidades não são muitas e o sucesso não é garantido porque conta com uma série de variáveis. O público a que se dirige, o tamanho dele, a qualidade da banda, o momento do cenário musical, leis de incentivo, enfim, muitos fatores.
Não é todo dia que surge uma Legião Urbana ou um Engenheiros do Hawaii. Mas talvez um detalhe que não tenha se atentado é: toda banda tem que ser uma Legião Urbana ou um Engenheiros do Hawaii? Não estamos falando de estilo, mas de repercussão.
Claro que o sonho é se tornar uma banda superpopular ao ponto de fazê-lo pensar “como transformar minha banda em negócio”, mas se o que você mais gosta é tocar em uma banda, conseguir viver razoavelmente bem disso já não seria o bastante?
Conseguir manter uma boa condição de vida, longe de morar em uma mansão, mas igualmente longe de morar na sarjeta, por meio da música, não seria realizador? Afinal, se o que mais te mobiliza, te encanta, é fazer música, poder viver disso já não seria um privilégio, um sonho realizado?
Nuca pensou no meio termo? O que acha da ideia? Interessante?
“Mas é possível chegar nesse patamar no Brasil?”
Vejamos alguns números interessantes em seguida.
Números SEBRAE
Sim, meu caro, é possível sim. Milhares de artistas e profissionais do meio musical conseguem viver hoje trabalhando com música sem grandes sacrifícios. E não se trata de achismo. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) traz números que corroboram essa realidade.
Atualmente, estima-se que existam 91.023 pequenos negócios formalizados operando na indústria da música. Esses pequenos negócios envolvem bandas, sim, mas qual seria a dimensão desse “pequeno”?
Pequeno de modo que a banda não seja conhecida pela sua avó imediatamente quando ela ouvir a sua música tocando em algum lugar, mas, ainda assim, capaz de encher casas de show, vender produtos relacionados à banda fora do contexto musical – como camisas, canecas, pôsteres, livros –, participar de programas de rádio, participar de festivais e até fazer turnê internacional.
Hoje, com tanta informação e tão poucos assuntos relevantes ganhado holofote, é perfeitamente possível a existência de bandas que tenham uma razoável base de fãs, sejam conhecidas na cena musical, tenham respeito de artistas consagrados, mas que se mantenham anônimas para a maioria do público e, principalmente, conseguem se pagar. Pagar a escola dos filhos, pagar uma boa casa, enfim, ter uma vida digna.
Como transformar minha banda em negócio? Empolguei!
Nunca tinha pensado nisso e agora pensa que viver de música não é algo tão custoso ou incerto como pensava? Maravilha!
A arte no Brasil só tem a ganhar com gente mais disposta a propagá-la pelo país e pelo mundo. Mas essa resolução ainda não encerra a dúvida de “como transformar minha banda em negócio”.
É possível formalizar uma banda? Torná-la empresa, não só no modo de conduzi-la, mas no papel mesmo, reconhecida por órgãos públicos?
Sim. Se uma música não deixa de ser um produto de um mercado, uma banda não deixa de ser um negócio.
É possível formalizá-la e, ao fazer isso, todos os membros da banda ganham como benefício:
- CNPJ;
- Direito a aposentadoria por idade;
- Direito a aposentadoria por invalidez;
- Auxílio doença;
- Auxílio maternidade;
- Linha de empréstimo diferenciada;
- Condições de ser aprovado em editais públicos.
Existem dois caminhos possíveis de como transformar uma banda em negócio. A formalização via Microempreendedor Individual (MEI) e a Microempresa (ME).
O que deve ser feito para conseguir a formalização em cada caso e quais as diferenças entre as categorias?
Explicamos em seguida.
Como transformar minha banda em negócio: MEI
A alternativa como MEI é a melhor escolha para quem está no início de atividade e ainda não ganhou o seu primeiro tostão como músico. E por quê? Porque exige menos burocracia e é barato.
Para se tornar um MEI, você não precisa de um serviço de um contador. A entrada do pedido para se obter um CNPJ nessa categoria é simples e rápida, podendo ser feito pela internet.
Passo a passo
Para se tornar um MEI, o caminho é o seguinte:
- Acesse o Portal do Empreendedor;
- Clique na opção “Formalize-se”;
- Clique novamente na opção “formalize-se”;
- Cadastre uma conta no site, informando número de CPF e data de nascimento;
- Informe número do Imposto de Renda ou número de eleitor;
- Preencha o formulário para colocar informações pessoais e de sua empresa;
- No campo “Nome Fantasia” é o nome que representará a sua empresa/banda, mas não precisa ser o mesmo nome, o nome artístico. Esse nome servirá apenas para identificar a sua empresa no segmento empresarial;
- No campo “Capital Social” é o espaço que se informa o valor investido para começar a empresa. Isso inclui equipamentos, computadores, instrumentos, transporte, enfim, tudo. Os valores dependem de cada pessoa, pode variar de dez reais a dez mil reais. Há quem prefira não informar e só colocar um real. Não tem problema. Não irá prejudicar para abrir a empresa;
- No campo “Atividades” é o local que deve informar a sua ocupação principal, ou seja, a área de seu negócio. Você pode informar uma ocupação principal e outras secundárias. A ocupação principal obviamente deve ser relacionada à área de sua banda. A secundária pode ser outra área sem ligação direta, mas da qual você obtém alguma fonte de renda exercendo o ofício;
- O próximo campo é a “Forma de Atuação”, ou seja, se trabalha em endereço fixo ou na internet;
- Por fim você deve inserir o endereço comercial e residencial, que podem ser o mesmo.
As obrigações do MEI
O MEI precisa fazer o pagamento mensal da DAS, um boleto que garante os benefícios de aposentadoria e auxílio doença. Esse valor atualmente está em torno de R$ 60 reais.
O não pagamento impedirá o recebimento desses benefícios.
Outra obrigação é fazer a declaração anual do valor faturado no ano anterior, informe que pode ser feito de forma online também.
Como transformar minha banda em negócio: microempresa (ME)
Para abrir uma microempresa, o procedimento é parecido, mas é necessário o serviço de um contador. É um pouco mais burocrático, portanto, demorado, mas nada que arranque os cabelos.
É necessário abrir uma microempresa quando o faturamento anual superar os R$ 60 mil reais ou o faturamento mensal exceder R$ 5 mil reais. Esses são os limites para se registrar como MEI.
O que é melhor? MEI ou ME?
Seguindo com a resposta sobre “como transformar minha banda em negócio”, o que é melhor: ser MEI ou ME?
O MEI é indicado para profissionais que trabalham sozinhos, freelancers ou grupos que estão em início de atividades. Fazer da banda uma microempresa irá obrigar que todos os profissionais trabalhem sob o mesmo CNPJ, o que pode não ser muito vantajoso quando os artistas colaboram em diferentes grupos musicais.
Nesse caso é melhor cada integrante ter o seu próprio CNPJ, ou seja, ter um certificado MEI.
A microempresa é indicada quando a banda já é velha de guerra, conta com uma renda bacana, tem uma gestão profissional.
A importância do registro de autoria
Um detalhe que não pode escapar de quem pensa em transformar a banda em negócio é garantir o registro de autoria das músicas. Lembre-se: música é o produto da banda. Assim como ocorre no mercado tradicional, pode ser copiada, ser alvo de plágio, de “espionagem industrial”.
Imagine a frustração de ver um terceiro recebendo o crédito por um trabalho da sua banda, ganhando muita grana e prestígio, e você não ter condições de comprovar a sua autoria? Aliás, aproveite e confira este post sobre artistas plagiados para conferir que isso é mais comum do que você pensa.
Para evitar esse tipo de dor de cabeça, a saída é registrar as suas músicas na Biblioteca Nacional ou mais facilmente através de sites como o Autoria Fácil. Aqui a praticidade é palavra de ordem. Tudo pode ser feito online sem necessidade de envio de material físico. E o tempo de resposta é bem mais rápido!
Considerações finais
Sucesso no mundo musical não está restrito apenas às capas de revista, programas de televisão ou rádio. É possível viver de música de maneira confortável, conquistando público numeroso, mesmo não alcançando a repercussão das bandas mais bem-sucedidas. E tudo bem!
Como vimos, existem dois caminhos para a formalização:
- Microempreendedor Individual (MEI);
- Microempresa (ME).
Escolher o tipo de registro ideal para a sua banda dependerá de uma série de fatores. O melhor a fazer é sentar com todos os membros e envolvidos para conversar sobre a melhor alternativa.
É importante não deixar de fazer o registro de autoria das músicas produzidas pela banda, pois corre-se o risco de ser alvo de plágio e não conseguir obter seus direitos perante a justiça.
O site Autoria Fácil faz registros de música e de outros trabalhos artísticos com rapidez e praticidade. Agora que você sabe a resposta para a pergunta “como transformar minha banda em negócio“, não perca tempo e comece a investir no seu sonho! E, claro, conte conosco para agilizar o registro de todas as suas criações. Entre em contato hoje mesmo para esclarecer suas dúvidas!
Excelente explicação de como trabalhar a música, e de como fazer da música um negócio. Parabéns!